Para que te quero, asas
Se eu tenho ventania dentro?

Eu fiz até uma tempestade
Rodei no céu, na imensidão

Os quatro versos da música Asas de Luedji Luna, são o princípio que movimentou este corpo no mundo, que me fez sair em busca do meu lugar, do meu “volto porque te amo”, que me soprou ao nordeste me tirando das terras frias do sul.

Essa música transmutou minha experiência.

Ela é a ventania que me trouxe até as águas calmas e profundas do grande mar de dentro, o Kirimurê, como chamam os Tupinambas, a Baía de Todos os Santos.

É com ela que aprendo a pisar forte e com respeito, quando ando pelas ruas encantadas de São Salvador.

Asas é reza forte para os dias de luta, é acalanto para a insônia da incerteza, era a melodia daquela maré de março, quando uma sereia cantou: quem sai à procura de um destino, o encontra na baía.

Na foto, o meu destino Kirimurê, banhando a Ribeira, num entardecer de verão.