O que sou é um reflexo do que vejo quando me relaciono com o mundo. E essa relação é permeada pela arte. Vejo uma parte de mim mesma quando experiencio algo. Busco ver a mim mesma refletida em partes, algumas que eu conheço, outras que ainda não conhecia, outras que não sei se conhecerei. Quando realizo um trabalho artístico está ali um traço do que sou e do que fui, para que outros experienciem. É a minha ausência na presença de algo que fica para o outro ver. É por meio da arte que vivo, assim, em partes, fragmentos de mim mesma e que se reconstroem com a experiência do outro. Me vejo no outro, quando experiencio a sua dor, a sua alegria, a sua esperança, a sua fantasia, a sua imaginação, o seu humor, o seu vazio, a sua audácia, a sua indecisão... E, assim, quase que infinitamente, transbordo em lágrimas que não são minhas mas passam a ser por meio da arte. Sou um reflexo do que vejo, do se sinto, do que desejo. 

Rosi Morokawa. “Reflexo”. NFT, 2022. Auto retrato em fotografia do meu reflexo na obra “Toaster”, de Richard Hamilton. Obra para o bounty Auto Retrato do meu eu interior.

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